
O personagem do Coringa cutuca até o mais acomodado dos seres. Anárquico, como se autodenomina, o vilão fica entre a corrupção da máfia e da polícia e da insegurança do nosso herói. A anarquia que o Coringa prega é a da privação de poder, de hierarquia, de chefes e de governos. É o mundo livre de leis. E é aí que o bicho pega.
Nós nascemos, crescemos e vivemos num mundo cheio de regras, de ensinamentos morais e, acima de tudo, de hipocrisias. Desde criança aprendemos o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que é mau. Aprendemos que depois de comer doces devemos escovar os dentes. Pois esta aí: eu sempre comi doces e escovei os dentes só ao acordar. Hoje, tenho dentes brancos e fortes. Onde fica então as regras que aprendemos?

Quem estiver pronto para aceitar as propostas pouco engraçadas do “brincalhão”, sentirá que, mais do que instigar o Batman, ele o fará repensar o mundo do certo e do errado, com regras que aceitamos seriamente e, pior, sem questionar. E é aí que coloco a pergunta-chave do Coringa: “Why so serious?” ou, em português, “Por que tão sério?”.
Ponto baixo: com a atuação do Coringa, o pobrezinho do Christian Bale no papel do Batman fica lááá para trás. Até o mocinho chato e utópico Harvey Dent (Aaron Eckhart) chama mais atenção do que o homem-morcego. Mas tudo fica incrivelmente pior quando o Batman (de fantasia) abre a boca. Quem foi que mandou ele fazer aquela voz rouca???? Éca!!